quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lugar onde nasci

I
Em janeiro de férias fui passar
Um final de semana no sertão
E no riacho da corda meu rincão
As saudades dali eu fui matar
Fui rever as belezas do lugar
Onde eu habitei antigamente
E quando o sol se escondia no poente
Fui chegando na casa onde vivi
Quando eu volto à volta terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
II
A casinha já velha apresentava
As marcas do tempo em todo canto
E na calçada lugar que brinquei tanto
Um tijolo sequer não mais restava
E na porta da frente quando entrava
Encontrei um cenário diferente
Exclamei na passagem do batente
Oh! Meu Deus eu não sei porque cresci
Quando volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
III
De manhã fui correr pelo terreiro
Espantando galinha, pinto e galo
Uma vara da cerca, meu cavalo
Para mim era um cavalo verdadeiro
E tão rápido igualmente a um vaqueiro
Eu subia e descia velozmente
E só parava o cavalo de repente
Pra ouvir o sonoro bem-te-vi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
IV
Igual toda criança astuciosa
Fui em busca de frutas no baixio
E chegando à margem lá do rio
Fui direto ao pé de manga rosa
E uma manga madura e saborosa
Lá no alto peguei avidamente
E desci da mangueira tão contente
Com a fruta cheirosa que colhi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
V
Neste dia eu brinquei o quanto pude
De bodoque, estiligue e de pião
Arrastei um carrinho pelo chão
Fiz buraco e joguei bola de gude
De anzol fui pescar no velho açude
Pra fisgar a traíra tão valente
Que o dia passou rapidamente
Que o sentido do tempo até perdi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
VI
Como tudo que é bom é passageiro
O final de semana teve fim
E a saudade bateu dentro de mim
Ao deixar o meu sítio tão fagueiro
Mas no ano que vem mês de janeiro
Estarei nessa gleba certamente
Revivendo o passado no presente
De um adulto com jeito de guri
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
Jatobá

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