quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lamento das folhas

I
No casebre eu às vezes pensativo
Vendo a seca terrível que se alastra
Se o sonho da chuva o céu lhe castra
Ele indaga a Deus pai por qual motivo
O castigo a um povo tão cativo
Que se nutre na fé e na oração
Sempre tem o senhor no coração
Pois é justo, contrito e sempre honesto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
II
Está seco o açude e o barreiro
É tristonha demais essa paisagem
E de verde só tem mesmo a folhagem
Do robusto e frondoso juazeiro
É o único que serve de sombreiro
Santo oásis naquela região
Imponente ele esboça a reação
Contra a seca cruel que tosta o resto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
III
Sertanejo apesar de tanto estio
Tem a força no peito como um marco
Resiste igualmente a um pau d'arco
Que nasceu lá na margem de um rio
Suas folhas caindo no baixio
Despejadas na fúria do verão
No trajeto da árvore para o chão
Vão deixando no ar seu manifesto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
Jatobá

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