quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Protesto da mangueira

I
Eu não sei o porquê nem a razão
Desse ato insano e tão cruel
Se a árvore colega é a fiel
Imagem de Deus aqui no chão
Não cometa tamanha ingratidão
Cesse agora os golpes do machado
Ele corta pois é acionado
Mas soluça batendo na madeira
Não corte colega esta mangueira
Que alimenta e abriga o favelado
II
O Betinho dá nome ao movimento
Contra a fome que mata no país
E o seu gesto assassino não condiz
Corta a fonte que brota o alimento
Não é justo esse seu procedimento
Que deixou seu colega revoltado
Do contrário você não tá lembrado
D`uma manga madura como cheira
Não corte colega esta mangueira
Que alimenta e abriga o favelado
III
A mangueira dá sombra pro velhinho
Dá fruta a criança desnutrida
Não destrua colega essa guarida
E lazer do sonoro passarinho
Cada galho da árvore tem um ninho
Cada ninho um filhote agasalhado
Não pratique portanto esse pecado
Contra a fauna e a flora brasileira
Não corte colega esta mangueira
Que alimenta e abriga o favelado.
IV
Tanta gente uma muda está plantando
Na cidade mais verde do Brasil
E a ação do colega é tão hostil
Uma árvore frutífera está cortando
Uma orquestra de pássaros está chorando
E um poeta lhe pede ajoelhado
Se o ato atroz for consumado
Vou erguer contra a poda uma bandeira
Não corte colega esta mangueira
Que alimenta e abriga o favelado.
V
Afinal a ação foi perpetrada
Apesar dos apelos que eu fiz
O colega foi duro e infeliz
E a mangueira frondosa foi cortada
Muito anos levou pra ser formada
E o machado a cortou em meia hora
Foi um crime perverso contra a flora
Nessa tarde algoz de sexta-feira
Sobre o tronco caído da mangueira
Escrevi meu protesto e fui embora.
Jatobá

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